quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"AURA"



Nascido no Panamá, em 1928, filho de um diplomata mexicano neste país, Carlos Fuentes é considerado um dos maiores escritores do México. Com uma obra bastante extensa, trabalhou com teatro, contos, ensaios e romances. O conto "Aura" está entre suas obras de maior destaque.


"Aura" apresenta, narrada em segunda pessoa, uma história que se passa praticamente num único espaço: a casa de Dona Consuelo. A atmosfera sombria da residência é talvez o principal elemento que dá suporte à constante exploração do sobrenatural.


Seguindo um estilo renovador, Carlos Fuentes aborda o universo de algumas culturas bastante específicas, sobretudo da feitiçaria. Em vários pontos da narrativa, aparecem símbolos geralmente associados a esse universo: o sacrifício animal, a boneca de pano, as plantas alucinógenas, as imagens de santos e as cores verde e vermelha.


O gênero fantástico no qual a obra se insere começa a ser percebido já nas primeiras ações do protagonista Felipe Montero. O motivo do seu deslocamento até a casa de Dona Consuelo era a oferta de emprego, para um jovem historiador, com uma remuneração considerável. Quando Felipe chegou no local, sentiu-se como que conduzido por uma estranha força.


Apesar de nunca ter estado na casa, Montero deslocou-se "sozinho" através das várias portas que o levaram ao quarto de Dona Consuelo. A Senhora, então, apresentou a tarefa que ele deveria desempenhar. O trabalho consistia em organizar as memórias escritas por Llorente, marido de Consuelo, para que fossem publicadas.


No mesmo dia de sua chegada, Felipe conheceu Aura, sobrinha de Dona Consuelo, por quem acabou se apaixonando. A relação entre a tia e a sobrinha, a partir do momento em que Felipe hospedou-se na casa, passou a causar-lhe estranhamento. O historiador desconfiava que a jovem era obrigada a viver com Dona Consuelo.


Na medida em que a história vai sendo construída, Felipe acaba sendo envolvido no ambiente sombrio e sobrenatural da casa. As leituras, os sonhos e o crescente desejo por Aura passam a confundir Felipe. "As imagens do sonho alteram a realidade ou a realidade se vê contaminada pelo sonho."Quanto mais tempo permanecia, menos entendia a relação que existia entre a jovem e a tia.


Quando Felipe acaba o trabalho de leitura das memórias, a fronteira que até o momento distinguia a irrealidade do tangível deixa de existir. O surpreendente final do conto revela a história de um amor acima do tempo e da morte.


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Um comentário:

gessicagv disse...

Não conhecia este autor, mas parece ser muito bom!!! Vai pra listinha de possíveis leituras. (possíveis porque é um zilhão de livros maravilhosos que ainda quero ler. ai ai ai. vida de rato de biblioteca) hehehe