sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O Bem e o Mal

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu, em 1940, e foi exilado político durante o período de Ditaduras na América do Sul. Galeano escreveu diversos livros sobre a história do continente latino-americano, enfocando sempre o lado dos povos que sofreram nas mãos dos colonizadores europeus e, mais recentemente, estadunidenses. Seu livro mais conhecido é “Veias Abertas da América Latina”.

O livro que eu apresento hoje é “O Teatro do Bem e do Mal”, uma coletânea de artigos publicados em jornais e revistas de diversos idiomas. Os textos são variados e bem-humorados, mesmo quando falam de assuntos tristes (o que não acontece poucas vezes). O autor faz duras críticas ao governo e ao modo de governar dos norte-americanos e, também, à mania destes de sair por aí invadindo países e bombardeando tudo. Além disso, mostra uma profunda preocupação com o futuro do planeta, citando exemplos de empresas que poluem e, ainda assim, apregoam-se como defensoras do verde. Exemplos de hipocrisia, aliás, é o que não falta no livro; o autor cita desde os slogans da publicidade até um grande cartaz na entrada do Banco Mundial, em Washington: “Nosso sonho é um mundo sem pobreza”.

Apesar dos textos mostrarem a opinião do autor sobre o mundo louco em que vivemos, também há espaços para a linguagem SMS e frases de muros, epitáfios e ex-votos da América Latina. Chamam a atenção os textos sobre o preconceito racial, assunto em destaque nos dias atuais.

Galeano tem um grande senso crítico e um profundo amor pelo nosso continente e pelo seu país. Em seus textos, não poupa o capital internacional, a dominação dos bancos e as contradições do mundo hoje. Ler Eduardo Galeano é encontrar alguém que não tem medo de escrever aquilo que todos – ou pelo menos muitos – pensamos.

O livro “O Teatro do Bem e do Mal” é um bom começo para conhecer o autor. Eu recomendo também “Mulheres”, o primeiro livro dele que eu li, ainda no colégio, que traz lendas do nosso continente sobre as mulheres.


quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A Imitação da Rosa



"Laços de Família" é o primeiro livro de contos da escritora brasileira Clarice Lispector. O universo feminino constitui-se no principal aspecto abordado em sua obra. A constante explosão diante da violência represada é um traço comum nas personagens.

O conto "A Imitação da Rosa", narrado em terceira pessoas, trata da condição to familiar. No conto, a personagem Laura, esposa de Armando, de volta ao lar após período de internamento numa clínica psiquiátrica, espera pelo marido para irem jantar. Sua amiga antiga, Carlota, e o marido desta também estarão presentes.

Durante a longa espera, Laura procura se prender obsessivamente a sua imperfeição singela de mulher afeita à rotina, pouco original e desinteressante. Enquanto reflete, a perfeição das rosas que comprara pela manhã torna-se cada vez mais sedutora. Ela, então, compara as rosas a uma das tentações de Cristo, lembrado do livro A Imitação de Cristo que lera quando estava no colégio sem entender o história; apenas tinha a certeza de que aquele que o imitasse estaria perdido.

Laura ainda tenta se defender do abismo ao qual estava novamente se entregando: o abismo da perfeição de Cristo e das rosas. A beleza das rosas torna-se um transtorno. Assim, ela volta ao estado de transe que fez com que fosse internada.
Quando Armando finalmente chega encontra a mulher num pedido de perdão que se confunde com a altivez de uma solidão quase perfeita. Ele percebe Laura alerta e tranquila como se fosse um trem. Trem, no entanto, que já havia partido.

Links:




quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Fulgor e Morte de Joaquín Murieta

O escritor chileno Pablo Neruda (1904-1973), foi sem duvida uma das maiores expressões da poesia mundial, e no livro “Fulgor e Morte de Joaquín Murieta”, traz a história deste “herói ladrão”, Joaquín Murieta um domador de cavalos e mineiro chileno, junto com milhares de compatriotas fazem parte da grande corrida do ouro na Califórnia.

A promessa de riqueza e aventura, com a descoberta dessas jazidas transforma a Califórnia, em especial a cidade de San Diego, um porto onde se ouviam todas as línguas, chilenos, mexicanos, irlandeses e chineses, saem de suas nações para colher desse fruto. Mas segundo Três Dedos um dos personagens “ onde há ouro existe problemas”.

Durante a viagem Joaquín conhece uma camponesa chamada Teresa, e acabam se casando no navio durante a travessia, com aquela mistura de línguas e costumes, logo começam os desentendimentos e conflitos raciais, um grupo que pregava a superioridade branca, eram os Rangers, vigilantes que tentavam expulsar os “chicos” dos EUA.

Após um ataque, dos Rangers onde os latinos acabaram levando a melhor, eles invadem a casa dos mineiros chilenos e matam a esposa de Joaquín, nesse momento é despertado o gigante adormecido, numa cruzada contra o grupo racista, em nome da vingança, os ataques contra os imigrantes não ficaram mais impunes, o “herói ladrão”, junto com seu bando começaram uma guerrilha sombria que durou um ano até sua captura, ele foi decapitado, e os homens que expunham o troféu enriqueceram com o espetáculo, a cabeça do homem mais perigoso da Califórnia que roubava e incendiava a casa dos colonos ianques.

Nesse livro temos uma boa idéia da ideologia política de Neruda, desde o combate direto até o exílio, onde o homem “subdesenvolvidinho”, é enganado pelo “cavaleiro astuto” e quando tenta recuperar o que é seu, morre “crivado de balas”.
Uma das curiosidades é que essa peça teatral foi escrita por Pablo Neruda, quando tinha 16 anos, logo depois ele divide os diálogos, dando vida aos muitos personagens e faz a descrição dos quadros, mostrando o lado teatrólogo de Neruda.



No YouTube para ver:
http://br.youtube.com/results?search_query=pablo+neruda+murieta

+ Poemas de Nerauda
http://www.pensador.info/autor/Pablo_Neruda/

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Ana Terra

E é com grande prazer que vos falo sobre este grande escritor brasileiro do século XX, Érico Veríssimo. Somente para deixa-los com água na boca comentarei o primeiro livro da trilogia O Tempo e o Vento, Ana Terra, a partir daí sigam suas leituras por toda a obra que é mais do que recomendada, é excelente.

Veríssimo nasceu em 1905 em Cruz Alta e faleceu aos 70 anos em Porto Alegre. Filho de uma família rica, mas decadente não completou nem os estudos secundários. Devido à necessidade de trabalhar Érico conseguiu emprego em uma farmácia, mas não foi bem sucedido e então em 1930 foi morar em Porto Alegre e trabalhar na redação da revista do Globo.

Seu primeiro grande sucesso foi o livro intitulado “Clarissa” em 1933. Morou por muito tempo nos Estados Unidos onde lecionou literatura brasileira na Universidade de Berkley e foi diretor do Departamento de Assuntos culturais da Organização dos Estados Americanos em Washington.

Ana Terra vivia com sua família distante do mundo em Rio Grande de São Pedro (Rio Grande do Sul) e alem de trabalhar, aos 25 anos esperava por seu amor e casamento. Um dia encontra um índio, Pedro, ferido em uma sanga perto de suas terras. A família o leva para o rancho para ajudar o índio, mas com o tempo Pedro vai se estabelecendo ali, mesmo contra a vontade do pai e dos irmãos de Ana Terra.

Assim que a família de Ana descobre que ela vai ter um filho de Pedro Missioneiro, ele é assassinado e enterrado forra das terras dos Terra, tudo pela honra familiar. Nasce o filho de Ana terra com o mesmo nome do pai em 1789. Algum tempo depois o rancho é atacado por castelhanos que matam o pai a mãe e os irmãos e destroem a casa dos Terra alem de estuprarem Ana.

Então Ana sua irmã seu filho e sua sobrinha seguem viagem com as carretas de Marciano Bezerra até as sesmarias de Ricardo Amaral, Santa Fé. Pedro vai primeiro a guerra por ordem do coronel e quando volta se casa com Arminda Mello e junto com ela tem dois filhos: Juvenal e Bibiana.Pedro então é mandado de novo a guerra, mas desta vez já parte sem a ilusão de que ira voltar e pede para sua mãe tomar conta de tudo.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Velhinha de Taubaté

Não se sabe, exatamente, o seu endereço, mas tudo indica que seja em Taubaté. Outros detalhes - nome, estado civil, CIC - são desconhecidos. Sabe-se apenas que é uma velhinha, que mora em Taubaté e que passa boa parte do seu tempo numa cadeira de balanço assistindo ao Brasil pela televisão.




Alguém aí já ouviu falar na Velhinha de Taubaté? É mais um dos cômicos personagens criados por Luís Fernando Veríssimo. Em um país de incrédulos quanto ao futuro da nação, a Velhinha de Taubaté é o último bastião da credulidade nacional! Ninguém acredita em mais nada nem em ninguém no país.

Famosa por ser "a última pessoa no Brasil que ainda acreditava no governo", Veríssimo contava que, tudo que acontecia de aparentemente sério no país era, na verdade, uma grande encenação para a velhinha de Taubaté.

"Acreditava" porque em 25 de agosto de 2005, a velhinha teve o seu falecimento anunciado pelo seu criador, na crônica intitulada Velhinha de Taubaté (1915-2005). Ela teria morrido em frente à TV, decepcionada com o quadro político brasileiro, em especial com o seu ídolo, Antonio Palocci: Ela morreu na frente da televisão, talvez com o choque de alguma notícia. Mas a polícia mandou os restos do chá que a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho para exame de laboratório. Pode ter sido suicídio.


Na comunidade de informação existe um código para a velhinha de Taubaté - VT, ou "jibóia", já que ela engole tudo - e é pensando nela que são preparados os comunicados oficiais para ó público externo. (...) De vez em quando acontece alguma coisa que faz a velhinha de Taubaté ficar tesa na sua cadeira de balanço e dizer: "Epa". Outro atentado de direita, por exemplo. Mas logo uma autoridade anuncia que haverá um "rigoroso inquérito e a velhinha de Taubaté descansa. Tudo se esclarecerá.



Para quem quer dar umas boas gargalhadas, a Velhinha de Taubaté é excepcional. De qualquer forma, o mais engraçado (ou estranho) de toda a história é verificarmos que existem várias Velhinhas de Taubaté por aí.
------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sites relacionados:

domingo, 18 de novembro de 2007

Crônica de uma morte anunciada



Gabriel Garcia Marquez é um importante escritor colombiano, jornalista, editor e ativista político. Marquez em Aracataca, Magdalena, em 6 de março de 1928. Com o sucesso de suas novelas e histórias curtas, caracterizadas pela fusão entre a realidade e a fantasia, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura por sua obra no ano de 1982.


O primeiro trabalho literário foi o romance "La Hojarasca", publicado em 1955. Em 1957 publicou aquele que é considerado um marco na literatura latino-americana: "Cem Anos de Solidão". Com a obra, Marques tornou-se o responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana. Suas histórias são bastante influenciadas pelo avô materno Nicolás Marquez, que era um veterano da Guerra dos Mil Dias, e pela avó materna Tranquilina Iguarán. Os personagens de "Cem dias de Solidão" reforçam essa influência.


O livro "Crônica de uma morte anunciada" foi publicado em 1981, ano anterior ao do Nobel de Literatura, consagrando Marquez como um dos principais autores do século. No decorrer da narrativa sóbria e direta, o leitor pode perceber o rigor jornalístico que caracteriza a reconstituição dos fatos que levaram à morte da personagem Santiago Nazar. Porém, predominam a sensualidade e a beleza de sua narrativa, presentes em toda a sua obra.


A obra é narrada por um amigo de Santiago Nazar que depois de alguns anos resolve reconstituir a história deste. Na noite anterior à tragédia, ambos estavam no casamento de Ângela Vicário e Bayardo San Román. Até então ninguém imaginava o que aconteceria.


Após o casamento, Román e Ângela vão para a casa onde futuramente iriam morar. Porém, a primeira noite íntima do casal acaba revelando ao marido o que ela tanto temia: não era a primeira vez de Ângela. Bayardo, então, ainda durante a madrugada, leva a mulher de volta para a casa dos pais.


Pedro e Pablo Vicário, os gêmeos irmãos de Ângela exigem que ela diga quem foi o responsável pela desonra da família. Ângela diz que o autor fora Santiago Nazar. Os irmãos, munidos das facas usadas para sacrificar os porcos, saem para matar Santiago. Mesmo não estando muito convictos do que fariam, fato comprovado pelas inúmeras pessoas a quem contaram suas intenções, os gêmeos cumprem o prometido.


O que mais surpreende no caso é o fato de várias pessoas próximas a Santiago Nazar saberem que os irmãos Vicário estavam procurando Santiago Nazar para matá-lo, mas nenhum teve a oportunidade de avisá-lo. A estranha suscessão de coincidências sugere que não haveria como impedir a morte dele.


Links: