quarta-feira, 10 de outubro de 2007

A Senha, Moacyr Scliar


Mais um pedaço do pra encorpar essa refeição, o conto “ A Senha” tem como autor o escritor gaúcho Moacyr Scliar, e faz parte do livro “Os jogos do poder e Fortuna”. Nele existem dois personagens, o cabo como personagem principal e o soldado, o ponto de conflito que determina a quebra da normalidade da obra, é o fato do cabo não se lembrar da senha, de acordo com a ordem que foi dada pelo tenente, niguém poderia entrar no acampamento sem pronunciá-la, e essa foi transmitida aos soladados pelo próprio cabo, para a análise levaremos em conta, o tipo de narração apresentada, o tempo da obra, e as caracteristicas dos personagens em questão.

Com um narrador em terceira pessoa e onisciente, a história se desenrola do ponto de vista do cabo, ” Detém-se aborrecido (não se agüenta em pé, quer deitar-se de uma vez),...” desde a chegada do persongem ao acampamento, as possíveis senhas, lembranças de sua família até o desfecho da história. Enquanto o personagem tenta se lembrar das palavras que o fariam “logo estar na cama...” a história inclina-se muito mais para o lado psicológico da questão, com muita pouca coisa acontecendo “fora da cabeça” do personagem, (apenas alguns passos e perguntas com respostas monossilábicas, do soldado), ele se detém a falar mais sobre a busca que o personagem faz por sua memória, a fim de encontrar a resposta para a pergunta insistente do soldado, também nota-se a agonia do personagem.


O tempo, no conto é principalmente psicológico, tem-se a sensação de que toda a ação se passa em poucos minutos, porém as lembraças e devaneios do personagem principal, dão mais profundidade à narrativa, grande parte do conto ocorre no “impreciso molde” da cabeça do cabo, que por não se lembrar da senha, procura em seu pensamento algo que lhe de as palvras certas, quando a memória lhe falha, ele apela para seus “bolsos”, onde poderia encontrar uma dica para tais palavras, la ele encontra coisas que o remetem a sua vida civil documentos, dinheiro, uma nota fiscal com uma lista de compras, num jogo de palavras o autor faz com que a tenção aumente cada vez mais, as ações dos personagens mudam de acordo com esse tempo.


O eu lírico cria uma espécie de jogo entre o velho (cabo) e o novo (soldado), explorando as duas realidades, que se encontraram naquele momento, o soldado com sua noção de dever, ainda que deturparda, apenas cumpre suas ordens, sem se exaltar ou demonstrar ironia com a situação, permanece firme, já o cabo, “que passara a noite bebendo” ao perceber que se lembrar da senha não seria tão fácil, tenta persuadir o subordinado, passa por picos de emoção, a camaradagem “cabe ao irmão mais velho ser tolerante e compreensivo...” da lugar a momentos de raiva, por fim o desfecho trágico “- e aí o estrondo, ele cai-”.


Como o título do livro sugere o jogo do poder, nesse conto em especial, segue uma lógica em que as diferenças de patentes, não impediram que um subordinado, ao possuir mais conhecimento que seu superior, pude-se usar esse poder, o cabo após levar o tiro certeiro, concluindo o trabalho a diferença entre tais situações, é muito bem trabalhada por Moacyr Scliar, mostrando a frieza do soldado por matar um pai de familia, pelo próprio vício, pela sua falta de memória, todos os pensamentos que lhe vieram foram inúteis diante da situação.



Um ingrediente que parece amargo, mas da um sabor a mais, onde a repetição de ordens e a necessidade de ter a melhor informação, nos torna menos humanos.

Para saber mais sobre o escritor...

http://www.releituras.com/mscliar_bio.asp


2 comentários:

Anônimo disse...

Como consigo este conto A SENHA??? Grata.
Giselle
gisellearaujo2004@yahoo.com.br

Anônimo disse...

nao encontrei o livro que foi retirado conto a senha - os jogos do poder e fortuna, gostei muito de sua analise. parabens