quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Ouro de Tomás Vargas



A escritora chilena Isabel Allende, nascida em 1942, primeiramente trabalhou como jornalista, aos dezessete anos, e depois como escritora. Com o livro "Casa dos Espíritos", de 1982, tornou-se um dos principais nomes da narrativa contemporânea em língua espanhola. A obra, publicada em mais de vinte idiomas, projetou a autora no círculo literário mundial.


A partir do primeiro sucesso, o desafio era manter o lugar de destaque entre os grandes romancistas. O objetivo foi alcançado e a obra "De Amor e de Sombra" manteve-se à altura da primeira. "Eva Luna" foi o terceiro livro de Allende, adquirindo notoriedade pelo fato de muitos críticos atribuírem-lhe sentido autobiográfico.


No livro "Contos de Eva Luna", o leitor reencontra personagens das obras que o precederam. A estratégia contribui para manter "um foi narrativo narrativo da unidade nessas histórias de amor e violência". Através dessa obra de vinte e três contos, a autora "transforma este gênero numa arte maior".


O conto "O ouro de Tomás Vargas" traz a história de Tomás Vargas, "homem sem qualquer decência", que escondia o ouro ganho enquanto "mantinha os filhos esfomeados e a mulher em farrapos". Vargas orgulhava-se de ser o maior "brigão, bebedor e mulherengo" de Água Santa.


A única pessoa que Vargas respeitava era o turco Riad Halabi, dono do armazém, a quem recorriam os vizinhos quando suspeitavam que Tomás tinha exagerado na bebida. A mulher, Antonia, era constantemente espancada por Vargas. Somente o turco e a professora Inês intervinham a favor dela. Na verdade, Antonia resignava-se com a situação, chegando ao ponto de tolerar a presença de uma concubina em sua própria casa.


A concubina era Concha Díaz, "muito jovem, morena e de pequena estatura", que chegou a cidade dizendo estar grávida de Tomás Vargas. Ele, então, levou a jovem para sua casa.


A vida de Antonia ficou ainda mais difícil. Além de trabalhar fora, era obrigada a conviver com a concubina em um clima deveras distante do amigável. A chegada de Concha Díaz despertou nela um profundo desprezo pelo pelo marido.


Os meses passavam e a gravidez de Concha Díaz gerava crescentes complicações para a moça. Vargas, cansado das reclamações da jovem, somente voltava a casa para dormir. Antonia, compadecendo-se da moça, decidiu ajudá-la, juntamente com o turco. A relação entre elas passou a ser de mãe e filha.


Agora, Antonia e Concha Díaz passavam a reagir às ameaças de Vargas. A cumplicidade das duas acabou fazendo com que ele cedesse ao vício do jogo.


"Atacado pela comichão do dinheiro fácil", as apostas de Vargas tornavam-se cada vez maiores. Até que um dia apostou mil pesos com o tenente e perdeu. A única alternativa era desenterrar o ouro para pagar a sagrada dívida de jogo. Entretanto, quando chegou no local, descobriu que haviam roubado todo o ouro.


Alguns dias depois da aposta, encontraram Vargas morto, "aberto de cima a baixo, como uma rês". Antonia e Concha Díaz continuaram a viver juntas e pouco tempo depois do funeral reformaram o rancho, compraram roupas novas para toda a família e "instalaram uma cozinha a gás, onde começaram uma indústria de culinária para vender a domicílio".
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2 comentários:

Tabita Strassburger disse...

Muito legal ficar sabendo um pouco mais sobre essa autora. "Casa dos Espíritos" será meu desafio nas próximas férias...

Luísa Dalcin disse...

Grande Allende! "A casa dos Espíritos" é ótimo mesmo! A adaptação para o cinema ficou bem boa também, com Meryl Streep, Jeremy Irons, Winona Ryder e Antonio Banderas. É velhinho, do início dos 90, mas vale a pena, pra quem gostar da história!
:*