quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O Negrinho do Pastoreio

A lenda "O Negrinho do Pastoreio" foi publicada pela primeira vez no "Correio Mercantil" em 26 de Dezembro de 1906. No livro "Lendas do Sul", de João Simões Lopes Neto, a obra aparece juntamente com outras histórias da cultura popular gauchesca. O autor, incorporando a fala simples, em gestos e prosa, do personagem Blau Nunes, gaúcho pobre mas de bom causo, traz a história de um menino negro, sem nome, a quem todos chamavam Negrinho.

Negrinho era escravo de um estancieiro conhecido por ser um homem muito mau e cauíla, que a ninguém ajudava. Seu filho,mais o cavalo baio cabos-negros e o Negrinho eram os únicos que ele olhava nos olhos.

Este estancieiro desafiou seu vizinho em uma carreira. O baio, montado pelo Negrinho, corria contra o cavalo mouro do outro fazendeiro. Apesar de todas as preces do escravo à Virgem, Nossa Senhora, da qual ele mesmo se dizia afilhado, o vencedor foi o cavalo mouro. De volta à fazenda, o estancieiro mandou açoitar Negrinho. Na madrugada, ordenou-lhe que fosse pastorear, auxiliado apenas pelo cavalo baio, trinta tordilhos negros.

Negrinho passou o dia inteiro sem comer e à noite não conseguia dormir com o medo, frio e fome que o incomodavam. Somente após pensar em sua madrinha Virgem Nossa Senhora conseguiu acalmar-se e adormecer. Mas, enquanto dormia, vieram os guaraxains e cortaram a corda que prendia o cavalo baio. Este, assim que se viu solto, espantou toda a tropilha e fugiu.

Ao amanhecer, o filho do estancieiro foi até a coxilha onde deveriam estar os cavalos. Quando chegou ao local, vendo que os animais não estavam ali, voltou para a fazenda e disse ao pai que o Negrinho deixara a tropilha fugir. O estancieiro novamente mandou dar-lhe uma surra e ordenou-lhe que fosse buscar a tropilha. O Negrinho, auxiliado apenas por um pedaço de vela aceso, que havia pego no oratório da casa, saiu para encontrar os cavalos. Por onde passava, os pingos de vela permaneciam acesos e chegaram a tal número que clareavam toda a estância. Assim, o menino escravo encontrou os animais. Porém, no início da manhã seguinte, o filho do estancieiro foi até a coxilha e enxotou todos os cavalos.

Desta vez, o castigo foi tão forte que o menino acbou morrendo. Não contentando-se com a morte do escravo, o estancieiro pôs seu corpo em um formigueiro, para que fosse devorado.

Os peões da fazenda procuraram a tropilha durante dias, mas nada encontraram. "Então o senhor foi ao formigueiro para ver o que restava do corpo do escravo." Quando chegava perto do local, avistou o menino, o cavalo baio e toda a trpilha, acompanhados da Virgem, Nossa Senhora. O estancieiro, então, caiu de joelhoes diante do Negrinho, que montou no cavalo baio e foi embora com os trinta tordilhos.

A história espalhou-se e todos acreditavam ter ocorrido um milagre. Dessa época até hoje, o Negrinho ajuda a encontrar objetos perdidos. Para coneguir sua ajuda, basta acenter "um coto de vela, cuja luz ele leva para o altar da Virgem Senhora Nossa, madrinha dos que não a têm."

A simplicidade da narrativa popular, presente em todas as rodas de chimarrão, e o sentido religioso abordado pelo autor, são os principais ingredientes dessa história. Ao dar "a palavra a um interlocutor ideal de roda galponeira que, entre um mate e outro mate, retoma o fio da prosa, para contar mais um causo", como afirma Augusto Meyer, o autor, na obra "Lendas do Sul" relata uma uma criação anônima, que surgiu exatamente no âmbito popular, sem deturpar sua magia.


O texto você encontra em http://www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/3contos/negrinho.html


Mais informações sobre a lenda e o autor em http://pt.wikipedia.org/wiki/Negrinho_do_Pastoreio .














Nenhum comentário: