segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A Los Héroes Sin Nombre

Llanto por los muertos - Aguillera


O título é daqueles que causam calafrios só de ler. Aos Heróis sem Nome (tradução livre) fala das pessoas que nascem sem muitas glórias, que dão seu sangue no dia-a-dia e às vezes morrem no esquecimento. Trata daqueles que durante suas vidas batalham ferozmente por um futuro melhor - tanto individualmente quanto coletivamente - e não têm seus nomes estampados em livros de história, apesar de contribuírem para tantos feitos... Pois bem, caro leitor, é sobre os humildes que trata este poema do dominicano Frederico Bermúdez y Ortega.

O poeta dominicano não parece ser muito conhecido, tanto que nem no Wikipédia encontrei dados a seu respeito. De acordo com o site PoesiaLatinoamericana
[1], Frederico Bermúdez y Ortega nasceu no ano de 1884 em San Pedro de Macorís, República Dominicana, e faleceu em 1921 na mesma cidade. O escritor colaborou com as revistas mais importantes do seu tempo, como “La Cuna de América”, “Renacimiento” e “Letras”. Chegou ainda a dirigir na sua cidade natal a revista “Mireya”. Até hoje é considerado um dos principais autores da literatura dominicana.




A Los Héroes sin Nombre

Vosotros, los humildes, los del montón salidos,
heroicos defensores de nuestra libertad,
que en el desfiladero o en la llanura agreste
cumplisteis la orden brava de vuestro Capitán;

Vosotros, que con sangre de vuestras propias venas,
por defender la patria manchasteis la heredad,
hallasteis en la lucha la muerte y el olvido:
la gloria fue, absoluta, de vuestro Capitán.

Cuando el cortante acero del enemigo bando
cebó su torpe furia en vuestra humanidad,
y fuisteis el propicio legado de la tumba,
sin una cruz piadosa ni un ramo funeral,
también a vuestros nombres cubrió el eterno olvido:
¡tan sólo se oyó el nombre de vuestro Capitán!...

Y ya cuando a la cumbre de la soñada gloria
subió la patria ilustre que fue vuestro ideal,
en áureos caracteres la historia un homenaje
rindió a la espada heroica de vuestro Capitán.

Dormidos a la sombra del árbol del olvido,
quién sabe en dónde el resto de vuestro ser está!
Nosotros, los humildes, los del montón salidos,
sois parias; en la liza, con sangre fecundáis
el árbol de la fama que da las verdes hojas
para adornar la frente de vuestro capitán!...



O poema refere-se a quais humildes? Camponeses dominicanos da época de Bermúdez e Ortega? Trabalhadores do nosso século? Um professor me disse certa vez que um poema torna-se universal porque, como sugere Umberto Eco em sua “Obra Aberta”, dá ao leitor a possibilidade de expandir sua interpretação. Analisando, percebe-se que los humildes podem ser quaisquer pessoas que se enquadrem nos versos do poema, independente de época e lugar.

Em Santa Maria, é só andarmos no calçadão e reparar na feição de muitos cidadãos batalhadores, com semblante firme e postura perseverante, lidando diariamente com seus afazeres, para compreender que muitos desses humildes, no fundo, são gigantes que fazem da vida um verdadeiro milagre... São pessoas com histórias às vezes incríveis, que contribuem para a sociedade de uma ou outra forma, mas não são lembradas pela coletividade da qual fazem parte, servindo simplesmente para adornar la frente de vuestro capitán!...

Através da mídia percebemos o quanto a sociedade - não só brasileira, mas latino-americana - é diversificada. Frederico Bermúdez y Ortega mostra-nos que, desde a sua época, dentro dessa diversidade existem elementos comuns entre os latino-americanos, independente de serem da República Dominicana ou aqui do Brasil. O que corrobora, de certa forma, a história que nos foi ensinada na escola, sobre a exploração da nossa terra e da nossa gente.

Para finalizar, quando flanarmos por aí, é bom estarmos atentos aos rumores e pessoas que estiverem ao nosso redor. No meio de tanta estupidez e coisas que não fazem sentido, nossa vida ganha significado ao percebermos que na nossa volta existem Héroes sin Nombre.


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[1] http://www.cubaeuropa.com/cubarte/poesia/PoesiaLatinoamericana.htm Acessado em 26/11/2007.

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