sábado, 20 de outubro de 2007

O que foi isso?!

Não estranhem o meu título, essa foi a primeira coisa que passou na minha cabeça quando eu terminei de ler “Pega pra Kaput!”, um livro do final da década de 70 escrito por Josué Guimarães, Moacyr Scliar e Luis Fernando Veríssimo, com ilustrações de Edgar Vasques. Não por acaso, todos gaúchos: a “naturalidade” dos autores é óbvia, já que a maior parte da narrativa se passa no Rio Grande do Sul, em cidades como Capão da Canoa, Santa Maria e Porto Alegre. Mas não é aqui que ela começa. O começo...

Tudo começa (acreditem) no bunker do Fuehrer, um pouco antes da queda do III Reich. Hitler aceita uma idéia de seu médico, Morell, para fugir da Alemanha, mas o resultado não é exatamente o esperado e o vidrinho entra na história (eu me recuso a dizer o que tem no vidro!!!). O não-direi-o-que é encontrado por Dona Raquel, que acaba amaldiçoada quando resolve abri-lo. Anos – e muitas desgraças – depois, um grupo de Nazis aparece querendo o dito cujo de volta. A coisa parece doida? Vai piorar: o ano é 1964, Jango foi deposto e o país está um caos. Após muitas peripécias, golpes de karatê misturado com mambo e uma guerrilheira...(não sei o que dizer dela), o cobiçado vidro vai parar em Brasília – o que talvez explique as estranhas e nefastas coisas que ainda acontecem lá.

Eu sei que quem está lendo esse post não deve estar entendendo nada, mas o processo de feitura do livro explica as idas e vindas da narrativa. Ele foi escrito pelos três autores, um escrevia um capítulo e mandava para o outro, que escrevia e passava para o outro. Posteriormente, Edgar Vasques ilustrou a narrativa em alguns trechos como uma história em quadrinhos. O resultado é um livro divertido, anárquico e surpreendente, não se sabe quando o próximo capítulo vai seguir a seqüência ou se tudo vai mudar.

Os escritores são conhecidos do público pelas suas obras. Josué Guimarães é conhecido pelo épico “A Ferro e Fogo”, LFV é célebre pelos seus livros de humor e Moacir Scliar pelas narrativas que mostram a influência judaica – Dona Raquel e seu filho Teva são judeus moradores do bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Edgar Vasques é cartunista, conhecido pelo personagem Rango e um de seus desenhos pode ser visto neste blog, no post que discorre sobre o “O Analista de Bagé”, personagem de LFV (postado no dia 9/10).

Não se assustem com o meu atual estado de choque com o livro. Ele é bom, diversão garantida para quem não está muito disposto a torrar neurônios com Kafka e permite que o leitor conheça o traço de Vasques, um cartunista que participou do boom do quadrinhos de humor brasileiros na década de 70. Os outros três autores dispensam comentários – dois já foram degustados no blog – por isso decidi linkar Vasques. É sempre bom relembrar da história do país.

No blog SantaSaliência é possível ler uma entrevista de Vasques http://santasaliencia.blogspot.com/2007/03/entrevista-com-edgar-vasquez-melhor.html e para saber um pouco mais do cartunista é só clicar em http://www.coletiva.net/perfilDetalhe.php?idPerfil=179

Ah, alguém está curioso para saber o que tem no vidro?

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