A escritora chilena Isabel Allende, nascida em 1942, primeiramente trabalhou como jornalista, aos dezessete anos, e depois como escritora. Com o livro "Casa dos Espíritos", de 1982, tornou-se um dos principais nomes da narrativa contemporânea em língua espanhola. A obra, publicada em mais de vinte idiomas, projetou a autora no círculo literário mundial.
A partir do primeiro sucesso, o desafio era manter o lugar de destaque entre os grandes romancistas. O objetivo foi alcançado e a obra "De Amor e de Sombra" manteve-se à altura da primeira. "Eva Luna" foi o terceiro livro de Allende, adquirindo notoriedade pelo fato de muitos críticos atribuírem-lhe sentido autobiográfico.
No livro "Contos de Eva Luna", o leitor reencontra personagens das obras que o precederam. A estratégia contribui para manter "um foi narrativo narrativo da unidade nessas histórias de amor e violência". Através dessa obra de vinte e três contos, a autora "transforma este gênero numa arte maior".
O conto "O ouro de Tomás Vargas" traz a história de Tomás Vargas, "homem sem qualquer decência", que escondia o ouro ganho enquanto "mantinha os filhos esfomeados e a mulher em farrapos". Vargas orgulhava-se de ser o maior "brigão, bebedor e mulherengo" de Água Santa.
A única pessoa que Vargas respeitava era o turco Riad Halabi, dono do armazém, a quem recorriam os vizinhos quando suspeitavam que Tomás tinha exagerado na bebida. A mulher, Antonia, era constantemente espancada por Vargas. Somente o turco e a professora Inês intervinham a favor dela. Na verdade, Antonia resignava-se com a situação, chegando ao ponto de tolerar a presença de uma concubina em sua própria casa.
A concubina era Concha Díaz, "muito jovem, morena e de pequena estatura", que chegou a cidade dizendo estar grávida de Tomás Vargas. Ele, então, levou a jovem para sua casa.
A vida de Antonia ficou ainda mais difícil. Além de trabalhar fora, era obrigada a conviver com a concubina em um clima deveras distante do amigável. A chegada de Concha Díaz despertou nela um profundo desprezo pelo pelo marido.
Os meses passavam e a gravidez de Concha Díaz gerava crescentes complicações para a moça. Vargas, cansado das reclamações da jovem, somente voltava a casa para dormir. Antonia, compadecendo-se da moça, decidiu ajudá-la, juntamente com o turco. A relação entre elas passou a ser de mãe e filha.
Agora, Antonia e Concha Díaz passavam a reagir às ameaças de Vargas. A cumplicidade das duas acabou fazendo com que ele cedesse ao vício do jogo.
"Atacado pela comichão do dinheiro fácil", as apostas de Vargas tornavam-se cada vez maiores. Até que um dia apostou mil pesos com o tenente e perdeu. A única alternativa era desenterrar o ouro para pagar a sagrada dívida de jogo. Entretanto, quando chegou no local, descobriu que haviam roubado todo o ouro.
Alguns dias depois da aposta, encontraram Vargas morto, "aberto de cima a baixo, como uma rês". Antonia e Concha Díaz continuaram a viver juntas e pouco tempo depois do funeral reformaram o rancho, compraram roupas novas para toda a família e "instalaram uma cozinha a gás, onde começaram uma indústria de culinária para vender a domicílio".
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2 comentários:
Muito legal ficar sabendo um pouco mais sobre essa autora. "Casa dos Espíritos" será meu desafio nas próximas férias...
Grande Allende! "A casa dos Espíritos" é ótimo mesmo! A adaptação para o cinema ficou bem boa também, com Meryl Streep, Jeremy Irons, Winona Ryder e Antonio Banderas. É velhinho, do início dos 90, mas vale a pena, pra quem gostar da história!
:*
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