Manuel de Barros é considerado um dos principais poetas contemporâneos do Brasil. Nasceu no Beco da Marinha, em Mato Grosso, no ano de 1916. Com suas obras recebeu diversos prêmios, como o "Prêmio Orlando Dantas", conferido pela Academia Brasileira de Letras, em 1960, ao livro "Compêndio para Uso dos Pássaros".
"O Guardador de Águas é tido como uma das principais obras do autor. De acordo com a crítica Berta Waldman, "a eleição da pobreza, dos objetos que não tem valor de troca, dos homens desligados da produção (loucos, andarilhos, idiotas de estrada), formam um conjunto residual que é a obra da sociedade capitalista; o que ela põe de lado, o poeta incorpora, trocando os sinais."
As águas que o autor guarda não são passíveis de serem consideradas límpidas e cristalinas. Ao invés de abordar a beleza das coisas, "O Guardador de Águas" mostra a doença delas. Aspectos normalmente ignorados em outras circunstâncias de construção de narrativas constituem grande parte da obra.
A poesia de Manuel de Barros traz os pequenos seres como a coisa que pulsa, apesar de serem menos que personagem, menos que objetos evocados pela voz do guardador:
"Eles enverdam jia nas auroras.
São viventes de ermo. Sujeitos
Que magnificam moscas - e que oram
Devante uma procissão de formigas...
São vezeiros de brenhas e gravanhas.
São donos de nadifúndios."
Assim como as águas escorrem tranquilas diante do olhar distante de Bernardo, também a narrativa segue um ritmo uniforme. Através da metapoesia, o autor apresenta inflexões, elipses, que o leitor identifica na própria voz do guardador e nas águas que o mesmo guarda:
"Escrever nem uma coisa
Nem outra
A fim de dizer todas.
Ou pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar
Tanto quanto escurecer acende os vaga lumes."
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Site da Fundação Manuel de Barros:
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